| 06/01/2009 04h22min
Enquanto o fax do Lecce (ITA) não chega à mesa do presidente Vitorio Piffero, Edinho continua sendo o capitão do Inter no ano do centenário. E, é claro, alvo de muitas críticas e alguns elogios, como ele próprio explica:
– Não adianta. No 4-4-2 é preciso um volante marcador, forte. Alguém para fazer o trabalho sujo.
Mais antigo do time principal, Edinho já conquistou oito títulos, o último deles em dezembro, quando levantou a taça da Sul-Americana.
Mas desde que estreou em 2003, nunca foi unanimidade. Longe disso. Um episódio no início do Gauchão de 2006 o marcou. Na época, Abel Braga mantinha o mistério sobre quem seria o primeiro volante da equipe: Edinho ou Perdigão.
– Eu saía do banco para aquecer e a torcida me vaiava – lembra.
Então com 23 anos, Edinho admite que era ansioso demais. Achava que precisava sempre tocar na bola, participar das todas as jogadas. Até por isso aumentou as horas de treinos
específicos de passe com o então auxiliar Robertinho.
O que
o fez superar o momento ruim, porém, foi uma conversa com a mulher Michele. Ao ver o marido chegar em casa em mais um dia de condenação pública, ela falou: “Ou você se entrega, ou mostra para todas essas pessoas que elas estão erradas”.
O volante conta em jogo seus passes certos e errados
O resultado do conselho de casa foi imediato: em 2006, Edinho terminou o ano entre os 10 melhores passadores do Brasileirão.
De lá para cá, vieram a Libertadores, o Mundial, a Recopa, o Gauchão 2008 e a Copa Sul-Americana. Além de Abel, passou pelo comando técnico de Gallo e Tite. Todos o mantiveram como titular.
Edinho é o seu próprio computador quando está em jogo. Ele mesmo trata de memorizar os passes certos e errados. Procura avaliar seu desempenho para depois comparar com o que a crítica diz ou escreve. O sogro, seu Etti, o ajuda na missão e anota os números em casa, pela televisão.
– Às vezes ouço as
pessoas falarem depois de um jogo: “O Edinho não acertou nenhum passe”.
Mesmo que tenha acertado todos – reclama.
A crítica intensa, que poderia servir de motivação para fazer Edinho torcer por uma transferência, não o incomoda mais. Agora, espera que a negociação com o Lecce seja finalizada, embora a permanência no Beira-Rio não seja mais frustrante.
No Inter, é querido pelos funcionários e companheiros. Na rua, quando vai pagar as contas em um banco ou jantar em um restaurante, recebe elogios e carinho dos torcedores.
Inclusive dos gremistas, conta.
Amados e odiados |
ANDERSON |
Outros exemplos de jogadores da Dupla que ouviram aplausos e vaias da torcida |
Volante do Inter entre 92 a 1999. Marcador severo, mas errava um número muito grande de passes. Foi campeão da Copa do Brasil de 1992 e, mais tarde, como zagueiro, foi capitão do Inter |
ADRIANO GABIRU |
Meia-atacante do Inter em 2006 e 2007. Protegido de Abel Braga, era constantemente vaiado pela torcida. Fez o gol do Mundial do Inter. |
MARINHO |
Zagueiro do Grêmio entre 2000 e 2002. Voluntarioso, cometia pênaltis infantis, mas também marcava muitos gols de cabeça. Foi campeão da Copa do Brasil de 2001. |
CLAITON |
Volante do Inter de 1998 a 2000, e com saídas e retornos ao Beira-Rio entre 2001 e 2003, Claiton surgiu no time campeão da Copa São Paulo de Juniores de 98. Voluntarioso, desarmava os adversários e... errava passes. Quase sempre na frente da área. Assim como Anderson e Edinho, chegou a ser capitão da equipe. |
Edinho participou da reapresentação do grupo no Beira-Rio, sem saber se permanecerá mais um ano como capitão do Inter ou se vai se transferir para a Europa
Foto:
Mauro Vieira
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